NYTimes

Pesquisadores identificaram um processo biológico que antes não se sabia que tivesse um papel na queda de cabelos em homens.
Publicado no periódico Science Translational Medicine, o estudo descobriu que o composto lipídico denominado prostaglandina D2 (PGD2) possui um papel na inibição do crescimento dos cabelos.
O estudo "provavelmente dará origem a novos produtos para o crescimento capilar, baseados na biologia da prostaglandina", afirma Anthony Oro, biólogo especialista em tecido epitelial da Universidade de Stanford, na Califórnia, que não participou do estudo.
A calvície de padrão masculino, ou alopecia androgenética (AGA), afeta cerca de 80 por cento dos homens em determinado momento da vida. O único fator predisponente - uma mutação em um receptor de testosterona - foi identificado e é encontrado em apenas uma minoria dos homens com alopecia androgenética. Outras causas são, em grande parte, desconhecidas e os tratamentos atuais foram descobertos por acaso - a Finasterida (também conhecida como Propecia) foi prescrita originalmente contra o aumento da próstata e o Minoxidil (também conhecido como Rogaine) contra a hipertensão. Os mecanismos moleculares desses medicamentos não estão claros.
MSN
Liderados por George Cotsarelis, dermatologista da Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia, e com o intuito de procurar por outros fatores envolvidos na AGA, os pesquisadores examinaram a expressão dos genes de tecidos do couro cabeludo calvo e com cabelos de cinco homens com alopecia androgenética. Eles descobriram que a PGD2 existia em maior quantidade no tecido do couro cabeludo calvo, assim como a prostaglandina D2 sintase, enzima que catalisa a prostaglandina D2.
Os autores também descobriram que, em camundongos, a expressão da PGD2 aumenta durante a fase do ciclo de crescimento do cabelo em que os folículos começam a regredir. A inibição do crescimento dos cabelos também foi observada em camundongos e em folículos humanos cultivados, tratados com PGD2.
MSN
Os pesquisadores relatam ainda que para ocorrer a inibição do crescimento capilar pela PGD2 é necessária uma molécula denominada receptor acoplado à proteína G (GPR44). Acredita-se que o GPR44 tenha um papel importante nas doenças alérgicas, incluindo a asma. Diversas empresas já estão testando medicamentos que bloqueiam esse receptor em testes clínicos para tratar essas doenças.
"Eu suponho que seria possível usar um desses medicamentos de forma tópica para inibir o receptor GPR44", o que, por sua vez, poderia limitar a inibição do crescimento dos cabelos pela PDG2, afirmou Cotsarelis.
A descoberta é compatível com trabalhos anteriores que sugerem o papel de outras prostaglandinas no crescimento capilar. O indutor do crescimento de cílios latanoprosta é um análogo da prostaglandina F2 alfa, e a prostaglandina E2 tem demonstrado promover o crescimento de pelos em camundongos. Cotsarelis sugere que prostaglandinas diferentes talvez equilibrem uma à outra, com algumas promovendo o crescimento e outras, como a PDG2, inibindo.
Esse equilíbrio complexo significa que "é preciso cuidado para obter os efeitos específicos observados nesse estudo", alertou Oro.
MSN
Cotsarelis afirma que ainda não está claro se os resultados serão aplicáveis à queda de cabelos de padrão feminino, menos comum que a calvície masculina, mas que afeta aproximadamente 30 milhões de mulheres nos Estados Unidos.
Também não se sabe se um tratamento para inibir a prostaglandina D2 conseguirá restituir os cabelos de um couro cabeludo já calvo, afirma Cotsarelis. Mas o cientista espera que sim. Em 2011, Cotsarelis e sua equipe demonstraram que as células estaminais de folículos capilares permanecem intactas no couro cabeludo calvo, mas seu crescimento é inibido. Se o PGD2 for o inibidor, então o seu bloqueio talvez permita que as células estaminais proliferem e produzam novos folículos. "É difícil saber se os folículos serão tão grandes quanto eram antes", afirmou.
The New York Times News Service/Syndicate – Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times.

FONTE: http://nytsyn.br.msn.com/cienciaetecnologia/pistas-para-a-causa-da-calv%C3%ADcie-de-padr%C3%A3o-masculino-2?page=0